sexta-feira, 11 de março de 2011

Meu amigo teve que ir


No final da tarde desta sexta-feira eu fiquei sem um amigo, um irmão. Rondônia perdeu um grande político. O ex-deputado federal Eduardo Valverde era um dos poucos políticos honestos que eu conheci.
Logo que cheguei a Porto Velho, ainda no extinto jornal O Imparcial, fui pautado para cobrir a primeira greve deflagrada no Estado: a do Sindicato dos Urbanitários (Sindur).
Em frente à sede da Eletronorte encontrei os grevistas. Estavam sentados em um muro, com algumas faixas. Naquela época o sindicalismo não contava com carro de som.
Na pauta constava que eu deveria entrevistar o presidente do Sindur, Eduardo Valverde. Acontece que ele não estava. Falei com o vice-presidente, Inácio Azevedo.
Inácio me explicou que um xará dele, mais conhecido como Lula, tinha ficado sabendo que em Rondônia estava havendo uma greve.
Assim, tinha vindo a Porto Velho e levado Eduardo Valverde para Brasília, para ajudar na fundação do PT.
Depois que Valverde voltou, mantive contato com ele diversas vezes, até nos tornarmos amigos. Quando resolveu se candidatar a deputado federal, ele tinha um cargo muito bom. Era diretor de fiscalização da Delegacia Regional do Trabalho (DRT). Tinha um padrão de vida bom. Esse padrão caiu quando ele se tornou deputado.
Valverde ajudava o partido e também as pessoas que podia. Assim, muitas vezes tinha que recorrer a empréstimos bancários para quitar dívidas, já que não pegava propina.
Parte do que ganhava como deputado ficava direto no banco. Não se corrompeu, não se contaminou ao se aproximar do poder. Bom seria se todos os políticos fossem assim.
Agora, meu amigo teve que ir. Sei que nascemos no caminho da morte e nos aproximamos mais dela a cada dia, mas mesmo assim é doloroso. Que ele descanse em paz, nos braços do Grande Arquiteto Do Universo, no Oriente Eterno.

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