quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Vidraça


A insistência de parte da cúpula do PMDB em manter o nome de Davi Chiquilito como potencial candidato do partido à prefeitura de Porto Velho é vista com desconfiança por muita gente na legenda. Parte da base considera difícil explicar ao eleitor como um ex-comunista deixou o PC do B para ingressar em uma sigla de extrema direita.

Pedras
Há um outro fato complicador no caso de Davi Chiquilito. Ele foi nomeado para um cargo de confiança na governadoria, com CDS 20, a maior gratificação paga pelo governo. Acontece que ele não aparece para trabalhar no local. Certamente assessora o governador em algum outro lugar. Doente Davi não está, já que é visto toda noite na calçada da fama.

Aproximação
Seria interessante para o chefe da Casa Civil, Juscelino Amaral, se aproximar dos formadores de opinião, que poderiam ajudar muito. No caso da terceirização da saúde, por exemplo, o governo demonstrou uma enorme falta de tato. Antes de enviar o projeto pra a Assembleia Legislativa teria sido muito melhor explicar à população o que está acontecendo.

Esclarecimento
Seria possível explicar que a burocracia atrapalha o funcionamento de hospitais públicos e que o governo fica impotente diante da máfia dos médicos, que protege os fantasmas da categoria. Poderia dizer através dos formadores de opinião que as Organizações Sociais colocariam todos os médicos para trabalhar e que os hospitais funcionariam direito.

Desarticulado
Como faltou tato ao governo, muita gente começou a baixar a ripa na terceirização, dizendo que seria o fim da saúde pública. Está sendo um prato cheio para a oposição, simplesmente porque o Executivo não se explica. Até gente que recusou convite do governador para dirigir a Sesau criticou a proposta do governo.

Melhor para os Poderes

No pouco tempo em que está respondendo interinamente pela Assembleia Legislativa, o deputado Hermínio Coelho (PSD) está agindo com justiça em relação aos Poderes, na hora de dividir o bolo da arrecadação. Quando o orçamento é aprovado, o Executivo faz uma previsão de arrecadação e com base nisso destina parte dos recursos aos demais Poderes. Acontece que a arrecadação sempre é pelo menos R$ 100 milhões além do previsto.
A Assembleia Legislativa decide o que fazer com o excesso de arrecadação. Os presidentes anteriores, por um motivo ou outro, sempre entendiam que o dinheiro deveria ficar todo com o Executivo, sob o argumento de que aquele é o poder que mais necessita de recursos. Ocorre que o Judiciário precisa construir fóruns e fica com um orçamento muito apertado. O Ministério Público fica exatamente na mesma situação.
Em dezembro último, a Assembleia Legislativa decidiu diferente. Hermínio entende que o Tribunal de Justiça, o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado merecem receber a parte que lhes cabe na arrecadação real, e não na previsão feita pelo Executivo. Assim, foi repassado ao TJ mais R$ 13 milhões, ao MP mais R$ 5 milhões e ao TCE mais R$ 4,7 milhões, já que o valor arrecadado foi R$ 160 milhões acima do estimado.
Com a jogada de calcular sempre para baixo a arrecadação de cada mês, se o presidente da Assembleia entender que o excesso arrecadado deve ficar com o Executivo, esse Poder garfará do TJ cerca de R$ 170 milhões neste ano. Também engolira pelo menos R$ 70 milhões no MP. Se Hermínio permanecer à frente da Casa de Leis, pelo jeito a divisão do bolo será feita através da arrecadação real, e não da estimada.

Atrás do toco

Houve alguma preocupação quando a filha do ex-ministro Mangabeira Hunger foi afastada da diretoria administrativa e financeira da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) durante a Operação Termópilas, desenvolvida pela Polícia Federal e Ministério Público do Estado. Isso poderia deixar triste o ex-ministro, que tanto colaborou pelo desenvolvimento de Rondônia, dando consultoria a custo zero ao governo.

Mas o fato de a filha do ministro ter sido autorizada a voltar a trabalhar e receber um salário onde há muitos zeros à direita não quer dizer que ela está completamente livre de responder a alguma acusação em relação à quadrilha que desviava dinheiro do tesouro estadual. O desembargador Sansão Saldanha só a deixou retornar ao cargo por entender que ela não iria atrapalhar o andamento das investigações.

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