O chefe da Casa Civil, Juscelino Moraes do Amaral, jogou a isca e o senador Ivo Cassol (PP-RO) a engoliu juntamente com anzol, linha e chumbada. Na audiência pública realizada na Assembleia Legislativa, Cassol ficou tão ocupado em responder a Juscelino que se esqueceu do objetivo do evento, que era discutir a tomada de crédito de R$ 542 milhões junto ao BNDES.
Revelação
Nunca alguém havia enfrentado Cassol com base. Na audiência pública foi comprovado que nos momentos em que isso acontece o senador fica sem chão. Juscelino desmontou todo o discurso do parlamentar, mostrando que a isenção de impostos às usinas do Madeira foi concedida pelo próprio Cassol.
Desmontou
Juscelino desmontou Cassol de vez ao elencar os empréstimos feitos pelo senador, quando era governador. O montante chegou a R$ 433,497 milhões e deve começar a ser pago por Confúcio Moura (PMDB). Mas pesou bem mais coisas que o chefe da Casa Civil não disse, mas que ficaram claras.
Vantagem
Ao citar na tribuna que Ivo Cassol havia concedido isenções a Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), Juscelino Amaral olhou fixamente para o senador. Todos sabem que Cassol tem cinco PCHs em Rondônia. Juscelino não disse que ele concedeu isenção a suas próprias empresas quando era governador, mas isso ficou claro.
Prisões
Outra coisa que Juscelino Amaral não disse gerou perguntas depois. Ivo Cassol sempre fala nas prisões que aconteceram recentemente. Juscelino não citou que Ivo Cassol Júnior foi preso durante o governo do pai, acusado de tráfico de influência, nem lembrou da prisão do chefe da Casa Civil no governo Cassol, o hoje deputado federal Carlos Magno (PP-RO), durante a Operação Dominó.
Nível
O caso é que Juscelino Amaral e Confúcio Moura chegaram ao entendimento que o atual governo não levará nada para o lado pessoal. As explicações sobre quem concedeu a isenção aos consórcios de Santo Antônio e Jirau foram dadas porque era preciso esclarecer a população sobre as ações de Cassol.
Xadrez
Quem estuda xadrez conhece o “Mate de Legal”. Nele é preciso sacrificar a dama, chamada pelos leigos de rainha. O jogador afoito não pensa duas vezes em tomar a dama do adversário – no xadrez não se usa a expressão “comer”. Depois disso é mate em dois lances. Quem toma a dama leva xeque do bispo adversário no primeiro lance e xeque-mate do cavalo no segundo.
Xeque
A dama é na realidade um general, a segunda peça em importância no tabuleiro, perdendo somente para o rei. Cassol ficou em xeque na audiência pública e se comportou como quem cai no Mate de Legal. Partiu para cima de Juscelino, o general, e se esqueceu do objetivo da partida, ou melhor, do objetivo da audiência pública, que era discutir a necessidade de o governo recorrer à linha de crédito do BNDES.
Tabuleiro
Os lances vistos na Assembleia Legislativa mostram que o governo parece estar querendo equilibrar o jogo no xadrez a política. Confúcio só vinha pegando pancada, sem esboçar qualquer reação. Agora o governador conta com alguém em condições de entrar em uma peleja para defender os interesses do Executivo.
Em defesa do progresso
Durante a audiência pública, o presidente em exercício da Assembleia Legislativa, deputado Hermínio Coelho (PSD-Porto Velho), mostrou que a democracia impera na Casa de Leis. Ouviu todas as partes e assegurou ao senador Ivo Cassol (PP-RO) o direito à palavra. Pediu ao público que, se quisesse, vaiasse Cassol somente após ele terminar seu pronunciamento.
Quando o senador ultrapassou o limite de tempo para falar, Hermínio cortou o som do microfone. Deixou Cassol falar por mais dois minutos, avisando que depois desse tempo cortaria o som definitivamente. Também concedeu dois minutos para que o chefe da Casa civil, Juscelino Amaral, se defendesse dos ataques de Cassol.
O ponto mais importante do discurso de Hermínio foi quando ele disse que os políticos devem se unir pela defesa dos interesses de Rondônia, e chegou a citar o caso do sujo falando do mal lavado. De acordo com o deputado é inadmissível haver 300 mil pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza em um Estado tão rico.
Atrás do toco
Quem sentia saudades de ouvir discursos brilhantes viu que valeu a pena ir à audiência pública na última terça-feira, na Assembleia Legislativa. O peemedebista Tomás Correia foi brilhante. É verdade que ele bateu forte em Ivo Cassol, mas falou com tanta categoria que foi aplaudido pelo próprio senador, logo no início de seu pronunciamento.
O ponto alto do discurso de Tomás Correia foi quando ele disse que Ivo Cassol era o único que não concordava com o empréstimo. Então citou o caso da mulher que viu um desfile militar e foi reclamar com o comandante. Disse ao militar que somente o filho dela marchava certo e os outros estavam todos errados. Todos aplaudiram, menos Cassol.
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